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Observações de diversas naturezas, profundidades e extensões.
Diretamente daqui de dentro, pra chegar aí dentro 💛

Anos atrás

Me bateu aqui uma nostalgia boa dos encontros entre amigos que eu tinha no começo da adolescência.
Quase 20 anos já se passaram das noites ouvindo rock progressivo, filosofando sobre questões profundas – achando que a gente sabia alguma coisa da vida.
O nosso programa de adolescente era esse: conversar, horas e horas a fio.
Ir numa livraria.
Ler os clássicos, densos (eu, preguiçosa, lia pouco comparado ao resto do grupo, mas aproveitava a discussão mesmo assim).
Ouvir música, um álbum inteirinho, de ponta a ponta.
Tentar descobrir o que estava por trás das letras quando não se tinha um @genius pra nos dar as respostas.

Menos de um ano antes de entrar nesse grupo da música e das conversas, eu havia sofrido bullying.
Foram uns seis meses de terror diário, provocado pelas meninas que eu jurava serem as minhas melhores amigas até outro dia.
Apanhei, fui repetidamente humihada, exposta.
Aquilo me causou uma ferida que até hoje ainda está semiaberta.
Quando finalmente troquei de escola, pra não continuar apanhando, fiz esse amigo – que não vejo há anos, mas que foi uma das pessoas mais especiais que já passaram pela minha vida.
Ele me acolheu.
Me emprestou livros, discos, e com ele eu fui explorando uma parte minha que eu não dava vazão no círculo de amizades que havia se virado contra mim.

De lá pra cá, a vida foi me presenteando com pessoas que chegavam e me davam um empurrãozinho em direção à vida que eu tenho hoje.
Uma vida que não é perfeita.
Não é livre de perrengues.
Mas uma vida que eu amo com todo o meu coração.

Pessoas que trabalharam comigo e me inspiraram a aprender algo que hoje eu domino.
Pessoas que disseram algo sobre um talento meu que eu não valorizava.
Pessoas que me mostraram um jeito de viver diferente do que eu conhecia.
Pessoas que me trataram de um jeito que eu não sabia que era possível.

Eu não sei o que seria da minha identidade se não tivesse encontrado essas pessoas, 20 anos atrás.
Ou quaisquer das muitas pessoas que passaram pela minha vida desde então.
💛

Carol Milters

Carol Milters
Carol Milters

Escritora, Investigadora & Facilitadora
Saúde Mental no Trabalho, Síndrome de Burnout, Workaholismo & Escrita Reflexiva


Autora dos livros, "Minhas Páginas Matinais: Crônicas da Síndrome de Burnout" e Um Passo Por Dia: Meditações para (re)começar, sempre que preciso idealizadora da Semana Mundial de Conscientização da Burnout, do grupo de apoio online Burnoutados Anônimos e conselheira do Instituto Bem do Estar.

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