Autoavaliação: você tem compulsão por agradar?

Neste ensaio:

5 minutos de leitura

Boas-vindas ao seu ponto de recomeço.
Este teste é um convite à autoescuta. Ele foi adaptado do livro The Disease to Please, da psicóloga clínica Harriet B. Braiker, e pode ajudar você a perceber padrões de comportamento ligados à necessidade constante de agradar os outros — mesmo quando isso custa caro para sua saúde emocional, seus limites ou seu bem-estar. Não se trata de se julgar, e sim de se perceber com mais carinho e sinceridade.

A autoavaliação:

Leia com atenção a cada afirmação abaixo e marque um X em cada uma que você sentir que se aproxima da sua realidade neste momento.

1. É extremamente importante para mim ser querido(a) por quase todas as pessoas da minha vida.
2. Acredito que nada de bom pode surgir de um conflito.
3. Pensaria que sou uma má pessoa se não me doasse o tempo todo para quem está ao meu redor.
4. Sinto culpa ao dizer “não” a pedidos ou necessidades de outras pessoas.
5. Raramente delego tarefas para outras pessoas.
6. Me sinto muito ansioso(a) e desconfortável ao dizer ou fazer algo que possa deixar outra pessoa com raiva de mim.
7. Às vezes sinto que estou tentando “comprar” o amor e a amizade dos outros ao fazer tantas coisas boas para agradá-los.
8. Jamais posso decepcionar alguém deixando de fazer tudo o que esperam de mim, mesmo quando os pedidos são excessivos ou irracionais.
9. Acredito que pessoas “boazinhas” recebem aprovação, afeto e amizade dos outros.
10. Tenho que me doar o tempo todo para ser digno(a) de amor.
11. Preciso sempre agradar os outros, mesmo que isso custe meus próprios sentimentos.
12. É muito difícil para mim expressar críticas, mesmo que construtivas, porque não quero que ninguém fique com raiva de mim.
13. Ter que enfrentar um confronto ou conflito com alguém me deixa tão ansioso(a) que quase fico fisicamente doente.
14. Se eu parasse de colocar as necessidades dos outros acima das minhas, me tornaria uma pessoa egoísta e ninguém mais gostaria de mim.
15. Quase nunca me posiciono para me proteger, porque tenho muito medo de provocar raiva ou confronto.
16. É mais provável que eu faça de tudo para deixar os outros felizes antes de fazer algo só por mim.
17. Faço de tudo para evitar conflitos ou confrontos com minha família, amigos ou colegas de trabalho.
18. Sou viciado(a) em agradar e fazer coisas pelos outros.
19. Acredito que, se eu fizer os outros precisarem de mim pelas coisas que faço por eles, não serei deixado(a) de lado.
20. É muito mais fácil para mim reconhecer sentimentos negativos sobre mim mesmo(a) do que expressar sentimentos negativos em relação aos outros.
21. Sempre precisei da aprovação das outras pessoas.
22. Frequentemente faço demais pelos outros ou até me deixo ser usado(a) para não ser rejeitado(a) por outros motivos.
23. Espero de mim mesmo(a) que eu esteja acima de conflitos e confrontos.
24. Minhas necessidades devem sempre vir depois das necessidades das pessoas que amo.
Sua pontuação final
(some quantas afirmações verdadeiras marcou ao todo)

Pontuação Geral: Resultados

Com base no total de afirmações com as quais você se identificou, você se enquadra em uma das faixas abaixo:

Se sua pontuação está nessa faixa, sua compulsão por agradar os outros está profundamente enraizada e é grave. Você provavelmente já percebe que essa “Doença de Agradar” tem custado caro — emocional e fisicamente — e impactado negativamente a qualidade dos seus relacionamentos. O nível atual de desconforto pode ser uma força motivadora importante para sua recuperação, mas é fundamental agir agora para retomar o controle da sua vida.


Se você marcou nessa faixa, seus sintomas da Doença de Agradar são moderadamente severos. Esse padrão destrutivo exige atenção imediata e esforço consciente para ser transformado antes que se intensifique.


Aqui, o problema ainda é moderado. Você já desenvolveu algumas forças e resistência às tendências autossabotadoras. Ainda assim, seus hábitos de agradar podem representar uma ameaça à sua saúde e bem-estar. Aproveite suas forças como base para buscar uma recuperação mais completa.


Se sua pontuação total foi baixa, você pode ter apenas leves tendências a agradar — ou talvez nenhuma, neste momento. No entanto, é importante saber que essa “doença” funciona como um ciclo que se retroalimenta e pode se desenvolver rapidamente, tirando seu senso de autonomia. Como forma de prevenção, pode ser útil aprofundar sua consciência sobre o tema e aprender técnicas de recuperação.


Qual seu subtipo?

Para identificar qual é a causa dominante do seu vício por agradar, some os pontos das afirmações marcadas com X nos grupos abaixo:

Some os pontos das questões:
1, 3, 5, 8, 13, 17, 18 e 24

Se essa for sua maior pontuação, você é um(a) agradador(a) cognitivo(a) — seus pensamentos e crenças internalizadas sobre o que é ser uma “boa pessoa” conduzem sua tendência de agradar. Pessoas com esse perfil são guiadas por crenças rígidas e exigentes, como a ideia de que precisam ser queridas por todos para se sentirem valorizadas. Costumam medir seu valor pelo quanto fazem pelos outros e acreditam que ser “boazinhas” as protegerá da rejeição. Internamente, impõem a si mesmas regras duras, críticas severas e expectativas perfeccionistas — enquanto desejam aceitação universal.

Para essas pessoas, a mudança começa pela mente: é essencial reconhecer e reformular os pensamentos que alimentam o comportamento de agradar.


Some os pontos das questões:
6, 9, 11, 16, 19, 20, 22 e 23

Se essa for sua maior pontuação, você é um(a) agradador(a) comportamental — suas ações repetitivas e padrões de comportamento estão no centro do seu impulso de agradar. Aqui, o padrão é comportamental: fazer demais pelos outros, nunca dizer “não”, assumir responsabilidades excessivas e evitar delegar. Esse ritmo leva ao esgotamento, prejudica a saúde e os vínculos, mas persiste por causa de uma necessidade quase viciante de aprovação.

A transformação começa ao reconhecer e romper esses hábitos que mantêm a pessoa presa ao ciclo de agradar.


Some os pontos das questões:
2, 4, 7, 10, 12, 14, 15 e 21

Se essa for sua maior pontuação, você é um(a) agradador(a) emocional/evitativo(a) — sua tendência de agradar está principalmente ligada ao medo de confronto, rejeição ou conflito emocional. Esse subtipo é movido pelo medo: medo de raiva, conflitos ou confrontos. Só a possibilidade de desagradar alguém já causa ansiedade extrema. O ato de agradar aqui funciona como uma fuga emocional — que, em vez de aliviar os medos, só os intensifica. Isso impede a pessoa de aprender a lidar com conflitos de forma saudável e a torna vulnerável à manipulação ou intimidação.

O primeiro passo para quem se identifica com esse perfil é encarar e acolher seus sentimentos, especialmente o medo do conflito.


E agora?

Agora que você respondeu ao teste, talvez tenha se reconhecido em algumas (ou muitas) das frases.

Isso não é um diagnóstico — é um convite. Um convite para se observar com mais carinho, entender os padrões que te atravessam e, quem sabe, começar a se libertar de alguns deles. Saber que há algo a ser cuidado já é um grande passo. E você não precisa fazer isso sozinho(a). Converse sobre os insights que você teve nesta autoavaliação com alguém próximo, convide alguém pra fazer também e compartilhe seus resultados, levante este ponto na terapia, escreva sobre como você está se sentindo. Isso tudo vai te fazer muito bem e te ajudar no processo de libertação da necessidade de agradar aos outros e negligenciar a si próprio.

Na Comunidade Recomeçar, criamos espaços vivos de troca e apoio para quem quer cultivar uma relação mais leve com o trabalho — e com o próprio sentir. Se você sente que chegou a hora de desaprender a obediência de agradar a todos e reaprender a se agradar primeiro, vem fazer parte (você pode testar grátis por 7 dias).

☀️ Seu recomeço pode estar bem aqui.

Foto de Carol Milters
Carol Milters

Escritora, Investigadora & Facilitadora
Saúde Mental no Trabalho, Síndrome de Burnout, Workaholismo & Escrita Reflexiva


Autora dos livros, "Minhas Páginas Matinais: Crônicas da Síndrome de Burnout" e Um Passo Por Dia: Meditações para (re)começar, sempre que preciso idealizadora da Semana Mundial de Conscientização da Burnout e do grupo de apoio online Burnoutados Anônimos.

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