Nem tudo são flores.
Nem tudo são espinhos.
Do lado de cá do tempo, notícias inquietam,
desestabilizam.
A compreensão profunda de que temos controle sobre pouco,
quase nada,
assusta.
A carência de um amanhã melhor paralisa. “Amanhã vai ser ainda pior”.
Como sair da cama entendendo isso?
Como seguir em frente,
diante de uma curva exponencial que sobre aos céus? “Não sei quando vou poder te abraçar de novo”.
De onde se tira forcas pra lavar a louça,
organizar talheres,
preencher tabelas?
Como dormir com um barulho desses?
Nos acostumamos com incômodos desnecessários,
Nos distraímos de alguns prazeres hoje indisponíveis.
Que amanhã,
depois de amanhã,
quando isso passar,
a gente aprenda a prestar atenção.
A não aceitar o abuso.
A apreciar a menor fonte de alegria.
Que consigamos encontrar forças pra continuar.
Que consigamos nos abraçar de novo logo.
Carol Miltersteiner