Era setembro de 2015 quando eu vi o sol se pondo no Hudson.
Nada jamais seria o mesmo depois daquela semana em Nova York, em que eu pude desfrutar de muito do que o dinheiro podia pagar, mas me sentia absurdamente vazia por dentro e solitária.
Quem consegue “ascender” num sistema absolutamente cruel não consegue fazê-lo sem deixar pra trás um pouco de si e da sua humanidade. Até quem consegue “vencer” nesse jogo perde muito.
É uma realidade que corrói a gente de corpo e a alma, estando em cima ou estando embaixo.
Ali, eu estava perto do “topo” do mundo.
Mas que topo distópico era aquele.
Que companhias cínicas eram aquelas.
Que princípios fajutos e autocentrados eram aqueles.
Que bom que eu desmoronei do topo.
Eu devo à minha queda a minha própria vida –
e o privilégio de escrevê-la.
Com amor,
Carol Milters 💛
(Inspirado numa conversa com a Mari Carvalho e motivado pela cena final da série Sucession. Por uma coincidência astronômica, o Kendall Roy mira o por do sol exatamente do mesmo lugar de onde eu mirei, 8 anos atrás, logo antes de tudo mudar)