Eu disse essa frase aí na terapia essa semana.
Não que eu me encontre dizendo isso com frequência (conscientemente, pelo menos).
Volta e meia, no entanto, quando algo acontece e eu sou pega no contrapé, me vejo repetindo essas palavras.
Essas quatro palavras me dão acesso a duas sensações muito danosas – e ambíguas entre si.
Veja bem:
• Por um lado, é um reforço do meu carrasco interno de me provar por A mais B que eu realmente não presto.
De que eu não dou uma dentro.
É uma micro-violência, um pequeno abuso que eu cometo contra mim mesma.
Eu invalido todos os meus acertos quando me apego no erro.
Eu tiro meu próprio norte, meu chão e o meu valor.
Mas tem uma outra sensação.
E essa é perversa:
• Quando eu digo pra mim (ou pra alguém) que não acerto nunca, tem um certo sarcasmo nessa afirmação.
Tem um ar de, “se você acha que EU tô errada, o problema é SEU”.
Ambas sensações me isentam da autorresponsabilidade.
Ambas sensações me levam a lugar nenhum.
Ao me punir, eu reforço que não sou capaz de nada.
Me privo da oportunidade de me reconhecer imperfeita, passível de erros.
Me privo de aprender com os meus erros.
Reforço uma ideia sem fundamento de que exista uma possibilidade de ser impecável.
Ao rejeitar o input externo, por outro lado, eu me coloco em uma posição muito confortável.
“Sem querer querendo”, eu poso de dona da razão incompreendida.
Qual a saída?
Autocompaixão, amigxs.
Não é fácil me perceber nesse jogo – principalmente no lado perverso dele.
Mas é preciso.
E também, é preciso que a gente entenda que erra.
Que faz cagada.
Que age sem pensar.
Que não disse o que era adequado.
Que não sabe tudo.
Que talvez saiba quase nada.
Que os outros sete bilhões de serumaninhos que coexistem conosco também sabem quase nada.
Que o que importa é tentar acertar, dia após dia.
A gente vai errar.
Muito.
Todos os dias.
Mas vai acertar também,
de vez em quando.
E tudo bem.
Com amor,
Carol Miltersteiner 💛