E eis que, num domingo parcialmente nublado, eu me vejo bebendo quentão (gluwijn) às 11h30 da manhã, brindando a conquista mais surpreendente da minha vida inteira: terminar de escrever um livro.
Meu primeiro livro. Que tem quase tudo de mim: os dias, os medos, as músicas, as alegrias, as lições, as porradas.
Digo quase, porque é impossível colocar tudo de si em qualquer coisa que seja. Sempre faltará algo. Algo que ainda não aprendi, algo que ainda não consigo compartilhar, algo que ainda não vivenciei.
Chega uma hora em que precisamos colocar o ponto final na história. Dá um medo, porque é a redução de todas as possibilidades, todos os sonhos, todas as potencialidades de algo que talvez parecesse tão mais perfeito, tão mais genial, quando era só fruto da nossa imaginação.
Essa é a sina de quem cria: descobrir onde sua peça acaba. Finalizar é aterrorizante. Ao mesmo tempo, é necessário, fundamental. Finalizar é importante pra nossa sobrevivência física, emocional, cognitiva.
Ainda tenho bastante chão pra percorrer com esse livro: diagramar, receber os inputs dos primeiros leitores, traduzir pro português, disponibilizar para venda, gravar a versão em áudio, organizar os eventos de celebração, desenvolver as questões que surgirão dele.
Trilharemos juntos, o livro e eu, por um bom tempo.
Será divertido.
Já está sendo.