Participação em reportagem especial da Revista Piauí
Publicada em: março de 2023
Reportagem: Camille Lichotti
“A publicitária Caroline Miltersteiner, de 34 anos, é a personificação dessa cultura. Em 2014, leu pela primeira vez sobre burnout numa reportagem que mostrava doze sintomas da síndrome. Ela tinha todos. Seu colega de trabalho, também. “Rimos e brindamos com energético”, lembra ela. “Eu realmente achava que era um mérito. Afinal, eu estava dando sangue, suor e lágrimas pela empresa. Esse era nosso lema.” Miltersteiner dava tudo de si no trabalho porque deveria provar que merecia o posto. “Eu tinha que fazer mais que todos os outros porque era mulher, jovem e não era bem-nascida.”
Depois de três anos sem férias, doze horas de trabalho por dia, incontáveis horas extras sem remuneração, tomando uísque à noite para dormir, convivendo com colegas com princípio de infarto antes dos 40 anos, tomando remédio para depressão e ansiedade, tratando-se de uma compulsão alimentar – enfim, Caroline Miltersteiner teve uma ideação suicida quando pensou em furar o sinal de vermelho numa rua de Porto Alegre. Pediu demissão em plena Black Friday de 2015 e, no ano seguinte, mudou-se para a Holanda, onde, pela primeira vez, recebeu o diagnóstico de burnout”….