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Observações de diversas naturezas, profundidades e extensões.
Diretamente daqui de dentro, pra chegar aí dentro 💛

A vida não muda num estalar de dedos

Eu já achei houvesse uma linha de chegada pras coisas.

Que amanhã talvez tudo fosse ser diferente.
Que depois daquele curso,
daquele encontro,
daquela viagem,
daquela conquista,
os dias seriam equilibrados.

Eu fantasiei muito com uma rotina impecável,
acordando 5 da manhã &
escrevendo &
meditando &
me exercitando &
me alimentando de forma saudável &
sendo impecavelmente produtiva &
socializando &
mantendo a louça em dia &
contribuindo pra um mundo melhor.

Já achei que um dia eu acordaria sem ansiedade.

Já desejei ter o controle supremo das minhas emoções e viver numa paz de espírito inabalável.

Mas aí eu uso o telefone até mais tarde numa noite,
não me mexo na manhã seguinte,
não medito por duas semanas,
fico com angústia das mensagens não lidas,
não escrevo por dias e dias,
deixo a louça por fazer.

Antes, eu me massacraria.

Me julgaria uma preguiçosa,
uma irresponsável.

Hoje, eu me entendo como humana.

Eu sei que derrubo muitos pratos.
Falho todos os dias.

Mas eu continuo tentando.
Entendo que, de todos os pratos que tento equilibrar, só uns poucos realmente importam.

E tudo bem.

Hoje deu pra lavar a louça &
deu pra trabalhar um pouco &
veja só,
deu até pra escrever.

Comemora as pequenas vitórias.
Não te pune com o que não deu pra fazer.

Entende que a vida não muda num estalar de dedos.

Ela muda com um passo,
um tropeço,
outro passo,
e outro passo,
até o último.

Com amor,
Carol Milters 💛

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Carol Milters

Escritora, Investigadora & Facilitadora
Saúde Mental no Trabalho, Síndrome de Burnout, Workaholismo & Escrita Reflexiva


Autora dos livros, "Minhas Páginas Matinais: Crônicas da Síndrome de Burnout" e Um Passo Por Dia: Meditações para (re)começar, sempre que preciso idealizadora da Semana Mundial de Conscientização da Burnout, do grupo de apoio online Burnoutados Anônimos e conselheira do Instituto Bem do Estar.

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Este post tem 2 comentários

  1. Tania Tomaz

    Às vezes, nos perguntamos, por que não lemos ou assistimos isso antes? por que somente agora eu tive acesso a esse conteúdo? Depois de, no mínimo, 12 anos de negação da síndrome de burnout, esta semana assisti, de maneira muito rápida, sua entrevista à CNN, mas o suficiente para ouvi sobre os Burnout Anônimos e despertar o interesse sobre o tema, já conhecido há anos. Ao ler o início desta crônica, o sentimento foi de estar lendo minhas anotações. Obrigada por compartilhar suas experiências! Hoje estou dando um grande passo no meu processo de cura.

    1. Carol Miltersteiner

      Nossa, Tania. Fiquei emocionada com o teu relato. Obrigada por estar aqui! Dia 26 tem o Burnoutados de agosto e você será muito bem-vinda. Um grande abraço e te cuida bem 💛

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