Você não faz ideia do medo que me dá escrever isso publicamente.
Mas eu posso fazer isso.
Não tenho vínculo empregatício, não dependo das conexões da empresa que me traumatizou, não sustento uma família.
Então eu vou com medo mesmo.
O trabalho que eu tinha alguns anos atrás me traumatizou profundamente.
Aconteceram coisas que me tiraram a fé em mim mesma. Nos outros. Nas empresas. Nas pessoas bem-sucedidas. No país onde eu nasci e cresci.
A #síndromedeburnout não se tornaria essa epidemia se empresas que nos empregam fossem éticas. Se lideranças não adotassem práticas abusivas. Se houvesse respeito, se houvesse gestão de expectativa, se houvesse responsabilidade e cuidado genuíno pelos seres humanos que produzem a riqueza da qual os donos usufruem.
Quem passa por um burnout se culpa, muito. Muito. Se sente fraco, se sente inapto a navegar o mundo do trabalho.
Mas a culpa não é nossa.
Temos muito a aprender, sim. É responsabilidade nossa, também.
Mas quem nos adoece, nesse caso, é o trabalho com expectativas absurdas.
Você não faz ideia do medo que me dá escrever isso publicamente.
Mas se eu não falar sobre isso, não sei quem vai poder.
Eu tenho responsabilidade de começar, pelo menos, a tratar disso aqui.
Responsabilidade trazida pelo caminhão de privilégios que eu tenho. Pela minha habilidade e paixão pela escrita. Pela visibilidade crescente do que eu crio nesses espaços.
Isso não é um desabafo.
É uma manifestação.
Empresas podem nos traumatizar.
Empregos podem nos marcar por anos, décadas, por uma vida toda.
Foram 4 anos de todas as terapias que vocês podem imaginar até eu conseguir começar a entender a minha competência e a possibilidade de receber pelo meu trabalho de novo. A conseguir confiar nas pessoas de novo.
Quero te pedir uma coisa: se você tem algo a dizer sobre isso, diga.
Se tem o privilégio de falar publicamente, o faça.
Tem muita gente que precisa ouvir isso.
Comenta aqui com um 💓 se você já passou por isso.
Se não puder, fale anonimamente.
Vai no formulário na minha bio e me conta a tua experiência pra que eu compartilhe.
Isso vai ajudar alguém.
Te prometo.
Carol Milters