Quem testemunha abuso e faz de conta que não vê, quem é conivente com injustiça pro seu próprio ganho, seja ele qual for, não precisa fazer parte da minha vida.
Tenho compaixão e gratidão por quem fez e faz parte do meu caminho, e não cabe a mim julgar os motivos de quem permanece em ambientes doentes e adoecedores.
Mas, pela minha própria sobrevivência, eu não consigo.
Eu precisei atravessar 10 mil quilômetros pra poder sequer começar a elaborar tudo.
E isso tudo é precioso demais pra eu jogar fora.
É difícil decidir quem fica e quem vai embora das nossas vidas. Algumas das pessoas que ficam pra trás nos conheceram tão bem, estiveram com a gente por anos, décadas, nos ajudaram tanto.
Mas deixa eu te dizer: a tua sobrevivência psíquica precisa que você crie novas memórias, que você estimule novas interações.
Pra isso, talvez você consiga continuar andando nas mesmas ruas e encontrando as mesmas pessoas.
Talvez, quase com certeza, você vai precisar fazer algumas escolhas e algumas renúncias.
Pode ser que um dia essas relações voltem. (Nada é tão permanente como nossas mentes rígidas imaginam.)
Mas, por um tempo, você vai precisar se escolher.
Vai precisar cortar algumas relações.
Vai precisar bloquear, silenciar, arquivar.
Isso vai doer.
Você não precisa de algo que te relembre tanto da tua dor.
Você não merece continuar desconfiada de tudo e de todos.
Existem 7 bilhões de pessoas nesse mundo.
Os lugares que nos adoecem fazem a gente achar que eles são o mundo todo.
Eles não são.
Existe um mundo de gente pra você conhecer.
Existe uma futura melhor amiga que você ainda nem sabe quem é.
Existem grupos que vão te fazer rir, vão te permitir ser quem você é.
Vai nessa direção.
Deixa o que passou.
Avante.
Te preserva.
Com amor,
Carol Milters 💛