Voltando à vida devagarinho, depois de uns dias no casulo.
Dias de cansaço.
Dias de mal sair da cama.
Eu sempre detestei esses dias.
Me sentia inútil.
Me sentia dispensável.
Temia não voltar à ativa.
Temia não ser produtiva de novo.
Temia perder o bonde, ver a vida passar deitada na cama.
Mas odiar esses dias nunca me fez sair deles.
Me culpar pela inércia nunca me tirou dela.
Muito pelo contrário.
Me colocava numa angústia ainda maior, numa ansiedade ainda mais paralisante.
Com os anos, eu fui aprendendo a receber esses dias quando eles chegavam.
Depois do Burnout, esses dias se multiplicaram, e se tornaram implacáveis.
Hoje, eu já sei que eles estão sempre à espreita.
Eu sei que eles chegam.
Mas também sei que eles se vão, mais cedo ou mais tarde, pelo passar do tempo, pela medicação, pela terapia, pelo meu autocuidado, pela minha autocompaixão.
Quando eu parei de temer os dias ruins, eles começaram a perder o poder sobre mim.
Eles não foram embora – e tudo bem.
Eles me ensinam muito.
Me autorizam a descansar, me colocar de volta no prumo, reacessar quem eu sou e botar a Netflix em dia. 😇
E é por esses dias que quando rio, eu rio alto.
É por eles que eu canto, dublo, danço, gesticulo.
É por eles que eu amo tanto ouvir as árvores balançando, as crianças rindo e as ondas batendo.
Porque se eu estou lá pra ver essas coisas todas, é porque os dias ruins passaram de novo, e tá tudo bem aqui dentro.
E se tá tudo bem aqui dentro, eu consigo ver o mundo como ele é, e a vida como ela é:
Insana &
Caótica &
Linda
Carol Miltersteiner💛